Notícias Fictícias que Gostaríamos que Fossem Reais: Kiss inicia mini-turnê por clubes, sem máscaras e com diversas surpresas
Por Leonardo Castro
Dando uma pausa nas gravações do novo disco, o KISS decidiu ouvir o apelo dos fãs mais die hard e fazer algo que não fazia desde 1995: uma pequena turnê por clubes, tocando sem as famosas máscaras e com um repertório mais focado em músicas que há anos não eram executadas. Apesar dos preços exorbitantes, os ingressos se esgotaram em poucas horas, mostrando a ansiedade dos fãs em ver seus ídolos mais de perto, sem a superprodução que caracteriza os shows, e também por um repertório diferente.
A Consultoria do Rock teve o privilégio de presenciar a noite de abertura da turnê, no pequeno House of Blues, em Chicago, que estava completamente lotado. Logo na entrada, alguns stands de merchandising exclusivo faziam a alegria dos fãs. Era possível comprar camisetas da turnê, livros “Kisstory”, buttons, adesivos… No palco, uma cortina preta com o logotipo prateado da banda encobria a visão, apenas com os feixes de luz passeando por toda a casa.
Pontualmente às 22 horas, o zumbido típico da introdução dos shows da banda passou a ecoar na casa. Após alguns segundos, o grito de guerra “You wanted the best, you got the best… The hottest band in the world, KISS!” explodiu nos alto-falantes, a cortina caiu e a introdução de bateria e os primeiros acordes de “Creatures of the Night” deram início ao show. O palco era simples, apenas uma parede de amplificadores Marshall. Paul estava vestido de forma bem similar a forma que se apresentou na turnê de seu último disco solo, Live to Win (2006), usando jeans e uma camisa preta com o peito aberto. Já Gene parecia ter voltado no tempo e usava um visual bem próximo ao da fase Revenge (1993), com muito couro e o clássico baixo modelo Punisher. Tommy também estava de jeans e camisa preta, bem despojado. Por fim, era até difícil ver o que Eric Singer utilizava atrás do seu enorme kit de bateria.
A música de abertura foi emendada em “Take Me”, que manteve o pique e animou ainda mais a plateia. A performance de Eric Singer foi a mais surpreendente, com uma pegada mais rápida e viradas mais complexas que as originais. Gene assumiu os vocais em “Two Timer”, uma música que, apesar de ser tocada às vezes em passagens de som, há muito tempo não era executada ao vivo. Era possível ver marmanjos barbados chorando durante a execução da mesma.
Antes de iniciar a próxima música, Paul começou a conversar com a plateia, perguntando quem imaginava que eles tocariam dessa forma mais uma vez, e dizendo que mais um capítulo da “Kisstory” estava sendo escrito naquele momento. Disse ainda que eles sabiam o que os fãs queriam, e que era exatamente isso que eles teriam naquela noite. Em seguida, perguntou se alguém ali conhecia um disco chamado The Elder (1981). A casa veio literalmente à baixo quando Tommy começou os primeiros acordes de “The Oath”. Em alguns momentos, como no refrão, era até difícil escutar ao voz do vocalista, que era encoberta pela do público cantando. Outra do mesmo disco foi a seguinte, “I”, com o vocal dividido entre Paul e Gene, e com direito à tradicional coreografia no meio da música.
Então, Paul perguntou se a plateia se importava que eles tocassem algo um pouco mais velho, do disco Rock and Roll Over. Era possível escutar pessoas pedindo músicas como “Baby Driver” ou “Ladies Room”, mas ninguém reclamou quando ele gritou “Mr. Speed”. Tommy Thayer reproduziu fielmente todos os solos e foi muito ovacionado pela platéia. Na sequência, Paul perguntou se alguém ali tinha amor, pois ele precisava de amor. Então, ele gritou “Have you got any love for sale?” e a banda iniciou “Got Love For Sale”, jamais tocada ao vivo até então. Mais uma vez, o público pareceu não acreditar no que estava vendo e ouvindo.
Após a música, Paul perguntou quem tinha visto a turnê solo dele em 2008, que teve um DVD gravado no mesmo House of Blues. Após os gritos de confirmação, ele afirmou que, durante aquela turnê, quando tocou algumas musicas há muito esquecidas pela banda, que ele teve a ideia de fazer alguns shows menores, mais perto dos fãs, e com set lists especiais. E que a banda inteira adorou a ideia, e por isso eles estavam ali, sem máscaras e sem pirotecnia, apenas eles, o público e a música. Em seguida, disse que a banda iria tocar uma das músicas que foi tocada na sua turnê solo, mas que nunca tinha sido executada ao vivo pela banda inteira: “Magic Touch”, de Dynasty (1979). Mais uma vez, era possível ver lágrimas nos olhos de muita gente na platéia.
Na sequência, Paul perguntou qual é o melhor disco do Kiss. Muitos gritaram Love Gun, outros Destroyer. E Paul disse, com bom humor: “Essa música certamente não é do nosso melhor disco. Muita gente gosta de The Elder, de Destroyer ou de Revenge. Mas quem aqui conhece um disco chamado Unmasked? Essa música se chama “Tomorrow”. Certamente, a maior surpresa da noite.
É importante destacar que a voz de Paul estava em boa forma, ao contrário de algumas datas da última turnê. Talvez por estar gravando o disco e não cantando todas as noites, sua performance foi muito boa em todas as músicas, apesar de ficar claro que ele não tem mais o mesmo alcance de 15 ou 20 anos atrás.
Depois desta sequência de músicas de Paul, foi a vez de Gene assumir os vocais. Depois de alguns “Uh! Yeah” com a platéia, Tommy iniciou o riff de “Fits Like a Glove”. A música rápida animou o público, e Tommy fez um solo sensacional, emulando o estilo caótico de Vinnie Vincent. Seguindo com a parte mais pesada do show, a banda emendou “Unholy”, e apesar da dificuldade de Gene em atingir as notas mais altas, as duas músicas acabaram soando muito bem. Ao fim da última, uma tocha foi trazida ao palco para o tradicional número de Gene cuspindo fogo.
Então, Paul anunciou que eles iriam tocar outra música que nunca havia sido apresentada ao vivo. Ele disse que em 1995 eles tentaram tocá-la em alguns shows da turnê “Kiss Konventions”, mas que não conseguiram se lembrar dela toda, mas desta vez eles a haviam ensaiado e achavam que ia dar certo. “Nowhere to Run”, da coletânea Killers (1982), foi então executada, deixando até os mais fanáticos surpresos com a escolha. Na sequência, Gene assumiu os vocais em “Domino”.
As luzes da casa se apagaram, e apenas Paul ficou iluminado ao centro do palco. Ele disse que antigamente as pessoas costumavam acender isqueiros durante esta música, mas que hoje nós poderíamos usar nossos celulares. E começa a dedilhar “Forever”, acompanhado na seqüência pela banda.
Em seguida, Paul anunciou que a próxima música seria uma das suas favoritas, e pediu para o público cantar o refrão de “Hide Your Heart”, sendo atendido de imediato. Com o show já se encaminhando para o fim, Paul agradeceu a presença de todos e anunciou que tocariam uma música de 1985, do disco Asylum: “Tears Are Falling”, que, apesar da voz um tanto cansada de Paul, foi outro destaque da noite. O show se encerrou com “Shout It Out Loud”, com os vocais divididos por Paul e Gene, mas com intervenções de Tommy e Eric, com direito a chuva de confetes e um pouco de pirotecnia. Ao fim da música, a banda se abraçou em frente ao público, agradeceu a presença de todos e sumiu para o fundo do palco.
Passados alguns minutos, Paul voltou ao palco e perguntou se ainda teríamos fôlego para mais. Diante da resposta positiva, ele perguntou o que achávamos deles tocarem alguns clássicos. Enquanto a plateia gritava o nome de diversas músicas, ele anunciou “Detroit Rock City”, enquanto a banda já iniciava a execução da música, também de forma mais pesada e acelerada, como imortalizada em Alive III. (1993). Enquanto o público ainda se recuperava, Paul iniciou alguns acordes e cantou “Out on the strees for a living… Picture’s only begun…”, quando a platéia completou com “uhhhh uhhhh uhhh”. Insatisfeito com o desempenho, Paul cantou a introdução mais uma vez, obtendo uma resposta mais entusiasmada. Na terceira tentativa, quando todos gritaram o mais alto que podiam, Paul anunciou que Eric cantaria a próxima música, e “Black Diamond” explodiu nos alto-falantes.
Chegou então o momento da última música do show. Mais uma vez, Paul agradeceu a presença de todos, jogou palhetas para o público e perguntou se havia algum cantor na plateia. Em seguida, pediu para que todos os cantores da plateia o acompanhassem, e deu o grito inicial de “Heaven’s On Fire”, e um festival de berros ecoa pela casa. Depois de mais duas tentativas, a banda iniciou a música que encerrou o show, com direito a mais confete e pequenas explosões no palco.
A banda inteira voltou à frente do palco para agradecer, e Paul anunciou que assim que o disco novo fosse lançado, uma nova turnê teria início, mas desta vez com as maquiagens, palcos enormes e tudo que a banda normalmente apresenta em seus shows.
Ainda assim, foi indescritível ver uma banda do porte do Kiss tocando em um lugar menor, perto do público, sem nenhum outro recurso que não fossem seus instrumentos e amplificadores, tocando um repertório escolhido a dedo para agradar a seus fãs mais dedicados, ainda que a preços altos. Um show “normal” da banda também é uma experiência e tanto, mas duvido que algum dos presentes nessa noite a trocariam por qualquer outro show. Imaginem se a moda pegasse e outros gigantes como AC/DC e Iron Maiden decidissem fazer o mesmo. Os ingressos seriam disputados a tapa!
Parabéns a consultoria por presenciar mais um grande show, hehehehe.
Na real, se eu ouvisse "I", "Tomorrow" e "Unholy", eu acho q infartava. Essas duas são minhas preferidas. Quando o Leo anunciou algo do the elder, torci por "Under the Rose", mas "I" já está em bom nivel. "Nowhere to Run" é fantastica. Eu gosto muito dessa fase transicao do kiss, entre o dynasty e o creatures. Uma pena q nao teve I was Made versão acustica, mas enfim, um grande show, e queria ver como o AC/DC sairia em um palco pequeno.
Leo, como estava o coquetel no bakstage? Tinha muitos petiscos? No show do Asia tinha apenas umas migalhas e suco de pomelo e carambola, daí eu nem me atrevi e fui embora pra casa com os autografos de todo mundo …
Quando eu li a respeito dos sets que Paul estava fazendo em sua turnê solo para promover "Live to Win" babei, e cheguei à conclusão de que eu gostaria mais de vê-lo em carreira solo do que com o Kiss, mas a descrição que o Leonardo fez é a ideal, sem dúvida! Inclusive poderiam ir ainda mais além, restringindo o set apenas aos anos 80, que tal? Hehehehe… Mais ousadia ainda: que tal apenas músicas de Paul Stanley? Seria igualmente maravilhoso.
Um espetáculo como esses seria ótimo para mostrar àqueles que vêem o sucesso do Kiss apenas como o resultado de seu aspecto visual e das estratégias de marketing o quanto suas músicas são, no fim das contas, a principal razão. Se eu começar a citar tantas outras que não foram inclusas aí a lista iria loooonge…
Esse show foi um verdadeiro presente aos fãs die hard, hein? Caras como eu, que não são tão fanáticos pelo grupo, ficariam boiando a maior parte do show… mas, devido ao carisma e qualidade da banda (a qual assisti ao vivo em 1999, aqui em Porto Alegre), curtiriam mujito o espetáculo, com certeza!
Seria bom se mais bandas se dispusessem a incluir alguns "lados B" em seus showsm fugindo daquelas músicas mais "manjadas" tocadas a cada turnê, como fazem por exemplo o Iron e o Deep Purple. Tudo bem que clássico é clássico, e certas bandas em quantidades enormes deles, mas pegar uma canção lá do fundo do baú e executar de vez em quando só faz a alegria de quem realmente gosta do grupo, além de ser um presente a quem pagou pelos ingressos..
Fico imaginando um show do Iron com "Alexander The Great", "Deja Vu", "Mother Russia", "7th Son", "The Fugitive", "Still Life", "To Tame A Land", "Purgatory", "Back In The Village" e tantas outras que nunca (ou raramente) viram as luzes do palco sobre elas… Nossa!