Por Micael Machado
Notícias Fictícias que Gostaríamos que Fossem Reais é uma sessão da Consultoria do Rock onde apresentamos notícias fictícias, mas que poderiam se tornar reais em algum momento de nossas estadas aqui na Terra. A intenção não é gerar polêmicas ou controvérsias sobre determinados fatos, mas apenas incitar a discussão sobre o que ocorreria se o mesmo fato chegasse a acontecer.
Nesta segunda edição, uma notícia que faria a alegria de muitos fãs: a volta dos mutantes ao progressivo! Então, vamos a ela.
Um encontro casual no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, levou a uma das notícias mais aguardadas pelos fãs de prog no Brasil: a volta dos Mutantes ao rock progressivo!
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Liminha, conceituado produtor |
“Eu estava voltando da Europa, onde tínhamos ido tocar, e o Lima (Arnolpho Lima Filho, o Liminha, antigo baixista do grupo e renomado produtor musical) estava indo para os Estados Unidos a trabalho.”, disse Sérgio Dias em entrevista hoje em sua casa-estúdio na Granja Viana, em São Paulo. “A gente se encontrou no saguão, e fazia muito tempo que não nos falávamos cara a cara. Trocamos e-mails, msn’s, twitters e todas estas maravilhas tecnológicas atuais que permitem que você seja amigo à distância das pessoas, e voltamos a nos comunicar como antigamente. Isso foi no final do ano passado, pouco antes do bebê da Bia (Mendes, vocalista dos Mutantes, que teve um filho em 09 de dezembro de 2010) nascer.”
“Como ela vai se afastar do grupo por alguns meses pela sua licença-maternidade concedida por mim (risos), e como eu sempre ouvi pedidos para tocar as músicas da nossa fase pós-Rita e Arnaldo depois que o grupo voltou a tocar junto, sugeri ao Lima que a gente se juntasse para executar essas canções, afinal, ele participou do O A E O Z, e muita coisa do Tudo Foi Feito Pelo Sol foi composta quando ele ainda estava no grupo. E ele aceitou numa boa, pois estava com vontade de se apresentar ao vivo novamente.” (nota do redator: a fase que compreende os discos Tudo Foi Feito Pelo Sol, de 1974; Ao Vivo, de 1976; e O A E O Z, gravado nos anos 70, mas lançado apenas em 1992, é a fase referia por Serginho)
Segundo Sérgio, o repertório irá além dos três discos:
“Tem muita coisa daquela época que ficou inédita. O O A E O Z era para ser duplo, foi gravado e tudo, mas saiu como simples. O Ao Vivo também. Eu cheguei a fazer algumas delas na minha turnê solo de 2005, acho que ‘Cidadão da Terra’ e ‘O Contrário do Nada É Nada’. Ano passado, em Porto Alegre, eu lembro de um menino na primeira fila, com os olhos brilhando quando eu e o Vitinho puxamos ‘Você Sabe’, cantando a letra e todos os solos, doidão ali, na nossa frente. Depois o menino veio até o camarim, e falou que foi o melhor momento da vida dele ter ouvido ‘Você Sabe’ com a gente tocando. Bicho, aquilo arrepiou a espinha. Isso é muito velho, mas tem gente jovem por aí que curte, entende, e não custa dar prazer para esse tipo de cidadão-ermitão que anda peregrinando por aí como uma espécie de Indiana Jones, saca. A joia está aqui, basta subirmos no palco e tocar!”. Perguntado sobre o irmão, Arnaldo Baptista (co-fundador e líder dos Mutantes entre 67 e 73), Serginho respondeu sutilmente: “O Arnaldo infelizmente está com dificuldades. A gente nem tem pintado muito na casa dele, mas sabemos que ele está em zen. Eu conversei com ele sobre o que ele pensava de trazer essas velharias de volta à vida, e ele deu aquela risada gostosa de criança que somente ele tem. Nos vamos homenagear o Arnaldo com algumas surpresas do O A E O Z na íntegra, e dependendo da nossa capacidade de aprender as músicas, com algo do Lóki! também, que o Lima participou. Se possível, o Arnaldo vai viajar com a galera para poder se divertir um pouco”.
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Sérgio Dias sorrindo com a volta ao prog |
Serginho segue:
“Tem coisas daquela época que a gente só tocou ao vivo, poucas pessoas conhecem. Então, nossa ideia é dar uma nova chance a estas composições, que estão guardadas, rolando com qualidade baixa para downloads ilegais que não nos remetem um centavo, bicho, ou ainda nas minhas velhas fitas K7 que estão mofadas em algum canto lá em Araras, entende. E tem músicas que estão já gastas na memória daqueles que a tocaram ou ouviram há mais de 30 anos.
”, resume um saudosista Serginho, com os olhos brilhando de prazer.
Então quer dizer que um novo disco dos Mutantes está por vir? “Nossa intenção é nos apresentar na Europa no final deste primeiro semestre e nos festivais de verão por lá. Os gringos, infelizmente, dão muito mais valor ao que nós fizemos do que os brasileiros. Não os fãs, esses curtem, aprovam, desaprovam, nos abraçam, mas as gravadoras, as produções, os grandes senhores de engenho desse Brasil sem dono, esses só pensam se o que eles irão apoiar tocará na próxima novela da Globo ou não. É possível que a gente grave algumas coisas e lance um DVD desses shows de forma meio independente e no exterior, mas vamos ter de esperar para ver se vale a pena gravar estas canções inéditas num estúdio e lançar ao grande público. O nosso último disco, Haih… or Amortecedor, (N.R.: lançado em 2009) foi lançado somente agora no Brasil, apesar da boa repercussão que causou lá fora. E eu me estressei muito para conseguir lançá-lo aqui, e não sei se estou a fim de passar por isso de novo.”, declarou o guitarrista.
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Mutantes em 1974: Rui Motta, Antônio Pedro, Túlio Mourão e Sérgio Dias |
Na formação do grupo, outro retorno: o baterista Rui Motta, que gravou Tudo Foi Feito Pelo Sol e Ao Vivo: “Eu conversei com o Dinho (Leme, baterista dos Mutantes), e ele ‘amarelou’ quando eu propus tocar estas músicas mais Yes, Emerson Lake & Palmer, Genesis, enfim… ele gosta mesmo é de tocar o som quadrado de Beatles e Elvis Presley, embora o trabalho que ele fez no O A E O Z para mim ser excelente. Mas hoje ele não se sente em condições, e preferiu ficar de férias nesse tempo. Aí, o primeiro nome que veio à minha mente foi o do Rui, que tocou com a gente naquele período. Ele é um baterista excepcional, e, além do mais, é mais um para nos ajudar a lembrar daquelas composições malucas (risos), além do que eu sei que ele possui muitas fitas gravadas de nossos shows naquela época.”
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Tudo Foi Feito Pelo Sol, principal álbum da fase prog |
“Bicho, sinceramente, nos dias de hoje, eu penso que de forma alguma eu não sei como nos fazíamos aquilo. Era muita viagem, muita alucinação, muitas cores, luzes e todas aquelas ideias caleidoscópicas brotando da minha mente, da mente do Rui e daquela cabeça privilegiada do Túlio, que Deus o tenha lá no seu grande sítio em Minas Gerais onde ele faz uns queijos e cachaças especiais (risos). Eram outros tempos, e para reviver isso, tem que ter um pique bem mais jovem”, é o que Serginho fala sobre a solução obtida para os teclados, onde ele optou por algo mais prático: “O grupo terá o Henrique (Peters, teclados e flauta) e o Vítor (Trida, teclados, cello, flauta e guitarra base), que são músicos excepcionais e já tocam comigo há bastante tempo, mesmo antes de fazerem parte dos Mutantes. Acredito que nós cinco seremos capazes de fazer estes shows com dignidade e sem manchar a imagem que as pessoas fazem desse período do grupo, até porque não sei se ainda tem muitos dinossauros que nem eu, o Rui e o Lima e que tenham visto essa época ao vivo e a cores (risos)“.
Os Mutantes irão tocar no palco Sunset do Rock in Rio em outubro com sua formação normal e participação especial de Tom Zé: “A apresentação do Rock in Rio será parte da tour do Haih …, já com a Bia e o Dinho de volta. Sei lá, de repente o Lima participa também como convidado em alguma parte. Mas a ideia dessa turnê da ‘fase progressiva’ não é deixar a formação atual de lado. É apenas se reunir e ter alguma diversão com velhos amigos enquanto a Bia curte a sua ‘licença maternidade’. Os Mutantes com ela e o Dinho não vão deixar de existir para que a banda com o Lima e o Rui se torne a oficial. Essa é uma reunião temporária, mas que pode voltar a ocorrer esporadicamente sim, dependendo dos resultados”.
E há alguma chance dessa formação prog se apresentar pelo Brasil? “Por enquanto não. A ideia agora é tocar na Europa apenas. Estou tentando algo para os Estados Unidos, mas não sei se vai rolar, porque é pouco tempo entre agora e o show do Rock in Rio. Mas eu nunca digo nunca, então quem sabe numa próxima oportunidade a gente não toque essas músicas pelos palcos do Brasil? Seria legal!”
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Insatisfação de Rita com mais uma pergunta sobre os Mutantes |
Como sempre, a mídia sensacionalista foi atrás de Arnaldo e Rita em busca de alguma declaração polêmica. Arnaldo decidiu se manifestar através da internet, apoiando o irmão e dizendo que está muito feliz com a pintura, enquanto Rita dessa vez se manifestou com a forte frase:
“Se eles fizeram da Zélia (Duncan)
uma monstra mutante, imagina o que eles não podem fazer com esse sei-lá-o-quê que eles criaram depois que eu saí. De novo essa história, pô! Isso não é Mutantes! Nem nunca vai ser. Os Mutantes acabaram, e não tem volta! Isso é só exploração de imagem e dinheiro.
Sérgio, meu filho, volte ao mundo!”, declarou uma nervosa e irritada Rita para um polêmico jornal carioca.
Ficamos todos esperando que as “novas velhas músicas” tocadas nesta turnê sejam tão boas quanto às gravadas pelo grupo nos anos 70. Afinal, todos ainda continuamos olhando e andando sempre para o Sol, ou não?
O texto pode ter sido de minha autoria, mas deve se dar o destaque merecido à edição e rearranjo feitos pelo Mairon, que virou praticamente um co-autor do mesmo…
Valeu, mano!
Além de muito bem engendrada, a notícia me parece bastante plausível, sem contar positiva. Gosto quando os grupos resolvem sair da zona de conforto e fazer algo que, mesmo desagradando grande pacela de fãs, soa muito mais aventureiro. Um paralelo interessante é com a reunião do Black Sabbath com Ronnie James Dio e Vinny Appice, frustrando aqueles que acreditam que a banda não existe sem Ozzy e fazendo música nova e de qualidade, além de registrar a histórica turnê em áudio e vídeo.
Value, Diogo! Mas a ideia sempre foi ser plausível, afinal não dá para ressuscitar o Hendrix ou fazer as pazes entre o Metallica e o Dave Mustaine… Mas com certas coisas sempre podemos sonhar, certo? São essas coisas que a coluna pretende trazer ao debate, que é o grande objetivo desse tipo de texto, ou seja, saber o que as pessoas pensariam se estas notícias chegassem a se confirmar…
Aguardem as próximas, que hão de pintar…
Será que o Metallica e o Dave Mustaine já não fizeram as pazes depois de cinco anos?
Pelas declarações recentes do Mustaine, acho que não…
Ah, como gostaria de ver essa boa vontade e bom humor em músicos do naipe do Sergio Dias…
Abraço!
Ronaldo
Da fase prog dos Mutantes, eu conheço apenas o Ao Vivo e a música "O A e o Z". A música é linda demais, mas o disco eu achei meio sem graça… Prog nacional não é meu forte.
Groucho, não me mata do coração cara. Ouça O Terço dos anos 70, Som Nosso de Cada Dia e Bacamarte, além do essencial Recordando o vale das maçãs. Prog de alto nível!!
Quanto ao texto, apenas adaptei para as diversas conversas q já tive com o Serginho (duas, hehehe, mas que ficaram para sempre no HD do meu cérebro).
Mairon, O Terço dos anos 70 é MUITO bom! Curto muito também o Som Imaginário e o Casa das Máquinas, apesar de não conhecer muito bem essa última. Som Nosso de Cada Dia eu até entendo como podem idolatrar dessa forma, mas não me agradou muito, nem o Bacamarte e nem o Recordando.. Em termos de prog setentista, acho que a Argentina dá de pau, fazer o quê?
Taí uma notícia que ainda bem que é fictícia…Mutantes da fase progressiva? Eca.