Direto do Forno: Svart Crown – Abreaction [2017]
Por André Kaminski
Dificilmente lembramos da França quando tratamos de heavy metal. A banda que normalmente pensamos é o Gojira, talvez alguns mais das antigas lembrem do power metal do Nightmare. Mas sim, a França possui ótimas bandas, embora poucas tenham chegado a patamares mais conhecidos mesmo dentro do underground.
O Svart Crown batalha desde 2005, lançando seu primeiro álbum três anos depois. O som da banda é aquele death metal quase black, ao mesmo tempo em que soa veloz, também possui momentos mais técnicos e cadenciados, habilidade demonstrada principalmente pelo ótimo baterista Kévin Paradis. Além dele, há também o vocalista JB Le Bail (também nas guitarras), o guitarrista Kevin Verlay e o baixista Ludovic Veissière.
Algo interessante por parte da banda é o fato do vocalista Le Bail alternar entre os vocais rasgados (típicos do black metal) para o gutural (típico do death metal) com frequência, embora os primeiros sejam mais comuns durante a audição. Bom para dar uma cara e uma dinâmica diferente ao disco.
Prepare-se para encontrar aquele início cadenciado de “Golden Sacrament”, aquela agonia infernal de “Upon This Intimate Madness”, a aura mística da instrumental “Tentacion” e a insanidade de “Orgasmic Spiritual Ecstasy” que são as faixas de destaque do disco. A temática de Abreaction gira em torno da cultura africana e seus rituais, dando uma coloração étnica ao seu death metal. Algumas percussões vão te fazer lembrar de Roots (1996) do Sepultura.
Apesar de que não dá para se dizer que os caras revolucionarão o death metal, fica a minha admiração pelo fato de soarem diferenciados das muitas outras bandas que estão no estilo. Apesar das guitarras soarem pesadas, fica a minha crítica ao fato de eu considerá-las, surpreendentemente, discretas demais se comparadas com a bateria, percussões e os vocais de Le Bail que chamam toda a atenção para si. O peso das guitarras é importantíssimo no death, mas infelizmente eu não as vejo carregando a responsabilidade para si. O baixo também fica um tanto escondido, acho que dava para “encorpá-lo” melhor na produção.
No saldo geral, um bom disco. Com alguns defeitos, mas que dá para agradar o suficiente a quem é fã de metal extremo que possui uma mente aberta para outras influências.
Já diria Frank Zappa: “Gezuis”!! Medo desse som aí
Não é lá um death metal dos mais “clássicos”, mas se aproveitam boas coisas deles.
O Profane, de 2013, é bacana, dos bons discos de death metal desses últimos anos, fora a capa bacanuda. Acho legal naquele uns toques de Atm. Sludge no som. Esse novo eu não ouvi ainda.
Aliás, não é de hoje que o cenário francês de metal tem sido um dos mais elogiados frente a crítica, o tanto de banda e disco bom que tem saído de lá é incrível, indo muito além do Gojira.
De fato, o cenário francês tem crescido. Ainda não entendo porque muita gente ignora as bandas de lá. Volta e meia quando pesquiso banda nova principalmente de metal extremo ou até de rock progressivo, costuma aparecer coisas (boas, por sinal) de lá.
Quanto a esse disco, creio que ele irá te agradar.
Já acho que o destaque tem sido muito grande entre quem já curte o estilo e os sites. Sempre rola matéria sobre um Blut Aus Nord, Peste Noire ou Alcest.
Parabéns pela resenha. É importante destacar bandas que possuem um trabalho de qualidade. A França há muito tempo tempo vem revelando boas bandas como Daft Punk e Air. Valeu Andre. Obs.: só para constar: Jesus & Mary Chain lançou mais um clássico.
Só para lembrar que o heavy metal francês já foi abordado aqui
https://consultoriadorock.com/2016/02/19/cinco-discos-para-conhecer-o-heavy-metal-frances-em-frances/