Os defensores do metal: Hellish War
Por Fernando Bueno
Hoje o heavy metal tradicional está em alta aqui no Brasil por conta das diversas bandas mais novas que levantam a bandeira oitentista. Foi criado até uma sigla, aos moldes na NWOBHM, para nomear esse enorme grupo de bandas que vem surgindo no mundo todo, a NWOTHM – ou New Wave of Traditional Heavy Metal. Recentemente tratei de outro grupo brasileiro que também levanta essa bandeira, o Battalion, matéria que você pode ler aqui. O Hellish War facilmente seria incluído nesse grupo de bandas, já que o que se ouve em seu som é uma amálgama dos grupos ingleses e alemães da primeira metade da década de 80. Entretanto os brasileiros já têm bastante experiência na cena metálica nacional, o que nos impede de considerá-los uma banda nova e sua formação foi em uma época em que o metal tradicional estava longe de ser unanimidade.
Oriundos da cidade de Campinas, estado de São Paulo, o grupo se junto ainda em 1995, época em que o grunge e as bandas de metal industrial estavam em alta, e, no ano seguinte, gravam uma demo chamada The Sign ainda atuando com um trio capitaneado pelo guitarrista Vulcano. Alguns anos depois regravam as músicas de The Sign e com mais seis faixas lançam o primeiro full lenght, Defender of Metal (2001). A formação, bastante alterada em relação à demo tape, já tinha se estabilizado como um quinteto e continha o já citado Vulcano na guitarra, Daniel Job como o segundo guitarrista, o baterista Jayr Costa, Gustavo Gostautas no baixo e no vocal Roger Hammer.
A instrumental “Into the Battle” nos leva até a faixa que deu nome à banda, um metal rápido que seria facilmente classificado como speed metal caso tivesse sido lançado em 1983. Músicas com nomes como “We Are Living for the Metal”, “Defender of Metal” e “Memories of Metal” nos dá um pouco do clima do álbum, ou seja, uma ode ao metal. Acredito que todos que ouvirem o disco terão suas atenções para o trabalho de guitarras. Muitas melodias, solos e riffs velozes ao longo de todas as músicas. Inclusive as faixas mais longas “Sacred Sword”, minha preferida, e “The Law of the Blade” me fez lembrar da alternância de solos que temos em músicas do Helloween no início de carreira. A produção poderia ser melhor, mas sua qualidade é compreensível que uma banda em início de carreira, mesmo que isso não seja um fator desabonador e sequer chega a atrapalhar o som da banda.
O baterista Jayr Costa deixa o grupo após o primeiro disco e é substituído por Daniel Person. Depois de um longo tempo finalmente sai em 2008 seu segundo álbum Heroes of Tomorrow. Lançado de forma independente, o álbum foi bastante elogiado tanto aqui no país quanto fora e os levou para uma primeira turnê europeia. Heroes of Tomorrow mostrou uma banda mais madura, com produção mais bem feita e uma técnica musical mais apurada. Esses shows em solo europeu resultaram em um disco ao vivo lançado no ano de 2009 chamado Live in Germany, gravado de seu último show em solo alemão no Razorblade Festival.
Após um pequeno hiato em que o guitarrista Vulcano chegou a acompanhar Ripper Owens em turnês aqui na América do Sul o Hellish War voltou com uma formação diferente para gravar Keep It Hellish (2013). Saíram Roger Hammer e Gustavo Gostautas que foram substituídos por Bil Martins e JR, respectivamente. Durante esse tempo o Hellish War contou até com uma cantora chamada Thalita.
A faixa título abre o álbum mostrando que se houve evolução técnica da banda e o vocal de Bil Martins se mostram um pouco mais melódicos e com menos drive que Roger Hammer, mas a troca não foi suficiente para descaracterizar o som que a banda sempre foi fiel. Podemos encontrar elementos de diversas bandas ao longo do disco como Helloween, Iron Maiden, Metallica e o Viper com André Matos e essa comparação não tem a menor intenção de diminuir a criatividade do grupo. Aliás, é exatamente a criatividade que ajuda a transformar ideias que podem parecer simples, sem a necessidade de firulas musicais, em faixas empolgantes e que vão agradar todos aqueles que entendem que o metal old school será sempre o melhor.Particularmente sou um aficionado naquelas bandas e a audição dos discos do Hellish War me deram a mesma boa sensação que tenho quando eu encontro um bom lançamento de uma banda qualquer de 1984.
Está marcado para julho o relançamento do álbum de estréia, Defender Of Metal, que trará uma faixa bônus inédita. O relançamento direcionado para a imprensa vem em um cardboard que consta na contracapa que a nova edição é dedicada à memória de Jayr Costa. Como não encontrei em nenhuma entrevista ou matéria sobre eles alguma informação sobre isso só posso deduzir que o antigo baterista já é falecido (se isso não for verdade por favor me desculpem). Defender Of Metal é um importante marco para a carreira do Hellish War e conseguiu ao longo desses anos um bom reconhecimento, principalmente na Europa – algo que acontece com mais frequência do que desejávamos. Os comentários vindo de lá dizendo que este seria um disco que qualquer banda européia gostaria de ter gravado enche a banda de orgulho. Após quatro anos do seu último lançamento agora é esperar por novos trabalhos dos campineiros.
Acessando esse site você pode ouvir músicas e assistir vídeos da banda.
Cheguei a assistir esses caras ao vivo. Abrindo show de alguma banda. Não lembro quem era agora. Acho que foi o U.D.O. Lembro que achei o show bacana, mas o CD que comprei deles (Defender of Metal), achei bem fraquinho. Os outros discos são melhores ou é tudo no mesmo nível? Pelo texto, saquei que a produção dos álbuns melhoraram, mas em termos de composição, evoluiu ou ficou na mesma?
O som melhorou um pouco sim, mas nada muito mais elaborado. Vc tem que lembrar que eles tem a intenção de se manter mais fiel ao metal oitentista possível.