Na Caverna da Consultoria: Marco Gaspari
Por Mairon Machado
A série Na Caverna da Consultoria entra agora em uma segunda etapa. Após apresentar os fundadores do blog Consultoria do Rock, a série agora irá apresentar aqueles que podem ser considerados os operários, e que de uma forma ou de outra levaram o então blog a virar o site que você está lendo hoje. Apresentaremos dez consultores nos próximos meses, começando com o mais querido, amado e respeitado dentre todos os consultores.
Aquele que nos dá os puxões de orelha com toda a sutileza e categoria merecida, considerado por 9 entre 10 consultores como um grande irmão, quase um paizão, o presidente da ASPABROMI, o arrasador de menininhas nos “merengues” de domingo,e acima de tudo, uma referência em textos primorosos, nosso amado Mestre Marco “Siri” Gaspari.
Prepare-se para boas risadas e muito conhecimento transmitido por um dos homens que mais admiro em nosso planeta.
1. Consultoria do Rock: Grande Marco. Antes de tudo quero que saibas que és um inspirador para todos nós. Creio que o respeito que temos por ti é gigante, não só pelos teus textos exemplares, mas pelo teu caráter e pela tua pessoa. Obrigado por fazer parte da Consultoria. Vamos lá, conte-nos um pouco sobre a sua pessoa.
MG: Obrigado, Mairon. Não só inspiro como expiro, senão eu morro, né?… Sou um ancião de 60 anos, teimoso e murrinha, mal-humorado e metido a besta. Mas tenho a humildade de reconhecer que não sei uma enormidade do que deveria e que a convivência com vocês da Consultoria só me faz bem.
2. Como você conheceu a Consultoria do Rock?
MG: Foi através do Fernando Bueno.
3. Como foi sua entrada para o blog?
MG: Então… eu conhecia o Bueno de grupos do Orkut. Como ele sabia que eu tinha discos e que escrevia para a PoeiraZine, um belo dia resolveu me entrevistar para uma seção parecida com esta que tinha lá na Collectors Room, do Ricardo Seelig. Para apresentar minha coleção de discos. Um tempo depois, quando haviam montado a Consultoria, ele me sondou para colaborar com o blog. Coincidentemente eu estava deixando de escrever para a poeira e tinha alguns textos já prontos. Topei e não saí mais.
4 – Já que estamos falando do Bueno, vamos encerrar de vez uma história que está virando lenda. O que você sabe sobre o nome Consultoria do Rock? Foi o Bueno mesmo quem deu a ideia?
MG: Já li aqui e ali que o Bueno afirma ser o pai desse nome. Pelo que me lembro, a história não é bem assim. Quando eu comecei a participar da CR, eles tinham um nome parecido, tipo Consultores do Rock. Eu até brinquei dizendo que devia ser um bando de desempregados, pois um amigo meu defende a tese de que todo camarada que perde o emprego vira consultor. O Bueno metia o pau nesse nome, dizia que era melhor mudar, que soava pretensioso e começou a forçar a barra para que o nome fosse Donzelas do Rock ou coisa que o valha, já que só tinha fãs do Iron Maiden e eles já tinham esgotado tanto os assuntos sérios sobre o Iron que começaram a apelar para textos do tipo “o novo corte de cabelo do Bruce”, “os conselhos de moda poser do Steve Harris”. A verdade é que estava virando a maior viadagem. Eu enchi o saco defendendo manter o nome e que não iria colaborar para um blog tão específico. Sugeri então que fossem mais genéricos e mudassem de Consultores para Consultoria do Rock. Acataram e o resto é história.
5. Além de ter batizado a Consultoria, você também tem outro importante cargo com algo ligado ao site, que é o de Presidente do ASPABROMI. Conte-nos um pouco sobre a fundação do ASPABROMI e como está o processo de associação para o mesmo”
MG: O ASPABROMI vai muito bem, obrigado. Acabamos de receber uma carta de Greg Harris, presidente do Rock and Roll Hall of Fame, dizendo, veja só, que se sente orgulhoso em aceitar nossa inscrição como candidatos a uma vaga no Museu. Teremos ainda um longo processo pela frente, mas ele acredita que em cinco anos estaremos com um lugarzinho reservado lá no Museu em Cleveland. Já pensou? Eu e meu sócio Eudes Baima esperamos estar vivos até lá para vivenciarmos esse dia. Keith Richards, como nosso mais recente velhinho-propaganda, diz que estará lá tocando na Cerimônia. E eu acredito! Debbie Harry também prometeu entrar com o Eudes para receber o prêmio. Eu sou supersticioso. Prefiro ficar na minha por enquanto e não prometer nada.
O ASPABROMI – Asilo Pat Boone Para Roqueiros da Melhor Idade, como todos sabem, é uma instituição sem fins lucrativos que abriga velhinhos e velhinhas que dedicaram sua vida ao rock e que agora que os efeitos da heroína e outras substâncias arruinaram do fígado aos intestinos, precisam de mãos mais jovens para trocar suas fraldas e limpar a baba.
Existimos desde a década de 60 graças a doações do grande roqueiro e filantropo Pat Boone.
Nossa sede fica localizada perto de Barueri, aqui na periferia da cidade de São Paulo, e somos hoje famosos pelos nossos bingos beneficentes ao som de uma banda cover do Bay City Rollers formada pelos internos e pelos nossos mingaus (literalmente) dançantes todos os finais de dia.
A inscrição, ou processo de associação como você se refere, é simples: basta ter sessenta anos ou mais, assobiar “Stairway to Heaven” enquanto os braços imitam uma guitarra (no momento tem que ser uma Fender, pois ela comprou a cota de patrocínio deste ano) e ter lido pelo menos uma vez “Nós, Entre os Doze e os Vinte”, livro que o nosso patrono Pat Boone lançou no final da década de 50 com ótimos conselhos para os jovens e que tanto contribuiu para a formação dos roqueiros de bem.
Quem quiser nos conhecer, basta entrar em contato que eu forneço o endereço e, junto com Eudes Baima e Wanderléa, terei o maior prazer em dividir meu mingau de mandioquinha.
5. Obrigado por esse esclarecimento. Seguindo com sua vida na CR, você é um especialista em resgatar obscuridades, ou apresentar histórias completas de bandas que pouca gente conhece. Como você consegue essas informações?
MG: Eu fui redator de propaganda por 30 anos, em uma época em que não havia internet. Informação não era apenas uma mania, mas uma necessidade e eu achava que ela tinha que estar à mão, por isso acumulava livros, revistas, jornais, gibis, bulas de remédio, o que for… Coisa de maníaco acumulador. Cheguei a ter na minha casa (que fisicamente comportava) milhares de livros. Como eu adorava música, uma boa parte era dedicada a isso. Então juntei revistas e livros, nacionais e importados, sobre rock, desde a década de 70. E devorava tudo, várias vezes. A gente acaba decorando, hehe… Já meu gosto por obscuridades é, na realidade, outra mania que eu tenho. E que considero muito prática. Sempre achei que escrever sobre bandas que todo mundo escreve ou escreveu é chover no molhado e alimentar concorrência. Às vezes até escrevo, mas fico achando que já fizeram melhor e entro em paranoia. Escrever sobre uma banda obscura é ter o prazer de apresentar algo novo a alguém (se bem que é difícil ser original hoje em dia, com a quantidade de informações que existe por aí sobre absolutamente tudo) sem sofrer comparações. Às vezes coincide de eu ter material suficiente para escrever uma história sobre determinada banda. Quando não tenho, me divirto pesquisando.
6. Como foi sua formação no mundo do rock?
MG: Em 1970 eu tinha 15 anos. Então já conhecia Beatles, psicodelia, Festivais da Canção, Jovem Guarda, essas coisas. Nos anos 70 eu me inclinei para o progressivo com o leque completamente aberto: americanos, ingleses, italianos, krautrock, franceses… E curti muito o glam rock, o hard rock, o folk, a vanguarda… nunca gostei muito foi de jazz rock, porque sempre alimentei um preconceito idiota de achar que não tinha cultura musical pra entender o jazz e, consequentemente, o jazz rock. E nem fez falta, hehe… Quando surgiu o punk, a disco music e a new wave eu já era aquele clássico fulano metido a besta que achava que não se fazia mais nada como antigamente. Um idiota completo.
7. Em que momento você passou a se interessar por bandas mais obscuras?
MG: Esse negócio de bandas obscuras Freud explica: eu acho que tinha necessidade de mostrar aos meus amigos que eu era diferente, que conhecia coisas que eles não conheciam. Por exemplo: tinha amigos que adoravam Yes e Genesis, só falavam de Yes e Genesis e colocavam essas bandas acima de todas as outras. Eu então defendia o Van der Graaf Generatore o Gentle Giant, que haviam saído por aqui recentemente. O mesmo acontecia com as bandas de hard: só se falava de Led, Purple e Sabbath, mas eu tinha os discos do Budgie, Atomic Rooster, Black Widow… Daí tomei gosto pela coisa. Tinha outro aspecto: o econômico. Disco encalhado era vendido nas baciadas por precinho. E foi onde eu encontrei muita coisa boa e desconhecida. Às vezes também comprava discos pela capa. Geralmente os importados. Tomava na cabeça muitas vezes, mas foi assim que conheci Lucifer’s Friend, Kiss (o primeiro), Fireballet…
8. Qual a matéria que você mais gostou de ter feito para o site?
MG: Escrever essas matérias é como quando você gosta de determinada banda por certo período de tempo: naquele momento é aquilo que lhe dá prazer. Então fica difícil dizer qual a que mais gostei. Mas para ser coerente com as respostas que dei até agora, diria que foi a do Sabicas, do Rolf-Ulrich Kaiser, do Battiato, do Pesniary, da Exótica… coisas menos comuns.
9. Quais as principais alegrias e tristezas que você teve nesses cinco anos de Consultoria do Rock
MG: Alegrias foram várias, não saberia dizer as principais. Talvez tenha me orgulhado bastante pela matéria sobre o punk não ter matado o progressivo ser reproduzida no blog do Estadão. Agora tristeza mesmo eu sinto quando não comentam as minhas matérias, por mais que eu fique de mimimi… Tenho uma carência fantástica por esse tipo de atenção e disfarço dizendo que acho falta de respeito não comentar. Embora ache, hehe…
10. Essa do estadão eu não lembrava, isso ´recisa ser divulgado mais. Parabéns! O que você caracteriza como principal característica do Consultoria do Rock, que o torna um diferencial nos demais sites de música?
MG: Pelo tempo que a CR tem, pelo número de colaboradores e quantidade de matérias, é um site muito sério, não é verdade? Errado: a principal qualidade é justamente que ninguém se leva a sério a ponto de achar que sabe das coisas, que é dono da verdade… Se tem ego por aqui, não é aquela coisa intimidadora. E é muito engraçado quando um mete o pau na opinião do outro nos comentários. Parece mais uma rodinha de boteco que aquele papo professoral que o nome Consultor remete.
11. Dentro do Consultoria, você acabou tornando-se um dos pilares após a saída de alguns dos criadores do blog, e auxiliou na transformação do blog em site, não apenas por matérias novas, mas também, por resgatar material que você publicou na Poeira Zine. Conte-nos um pouco como foi seu tempo como colaborador da famosa revista do Bento Araújo?
MG: Eu conhecia o Bento do tempo em que ele trabalhava na loja Nuvem Nove, do José Damiano. Meu filho também trabalhou lá uma época e era onde eu mais gostava de comprar discos. Eram todos rapazes. Não me recordo agora se ele já havia saído da loja quando o José começou a distribuir exemplares da PoeiraZine aos clientes. E foi uma agradável surpresa ver que aquele garoto escrevia (e muito bem) sobre bandas clássicas e estava publicando algo que não existia por aqui e que era a maior carência. O esforço que ele dedicava e a paixão que transpirava nos textos eram imensos e contagiantes. Depois de um tempo eu me ofereci na cara dura para colaborar e acho que ele se viu intimidado a aceitar, pois sabia que eu conhecia várias bandas, mas não sabia se eu tinha capacidade de escrever a respeito. Pediu então que eu escrevesse sobre alguma banda para seção Pérola Escondida e eu fiz uma matéria sobre o Comus, que naquela época muito pouca gente conhecia. Foi bem e eu fui ficando.
12. Quanto tempo você colaborou com a revista?
MG: A revista saía a cada 3 meses, então eu acho que fiquei uns 4 anos.
13. Você chegou a fazer parte de outra revista ou algo similar, pertencendo a algum grupo de imprensa? Se sim, quais foram?
MG: Não, só tinha publicado antes algumas resenhas em uma revista chamada Descasados e que durou 2 ou 3 números.
14. Lembro que uma vez você comentou que chegou a fazer entrevistas com Elis Regina e Ney Matogrosso. Como foram essas experiências?
MG: Foi quando eles foram contratados pelo André Midani para o selo WEA, no final dos anos 70. Eu trabalhava em uma agência de propaganda que atendia a gravadora e coincidentemente as empresas eram vizinhas. Quando tinha que fazer os anúncios e materiais promocionais dos lançamentos, eu meio que tinha uma reunião com os artistas para saber mais sobre o trabalho que eles estavam lançando. Entrevista é modo de dizer: estava mais para um bate papo, a típica enrolação de agência de propaganda para mostrar ao cliente que é composta por gente séria (bom, algumas realmente são). Não me recordo os detalhes, mas algumas coisas ficaram marcadas: a Elis andando na rua onde ficava a gravadora cercada e paparicada por pelo menos uma dúzia de funcionários da WEA. Primeira vez que eu constatava o que era um tratamento pop star. Nossa conversa não rendeu muito, porque ela era arrogante, tipo sem saco. Com certeza por culpa minha que não passava de um moleque sem um pingo de consideração na época por artistas nacionais, hehe… Fosse a Janis Joplin, a Annie Haslam ou a Janita Haan e eu lamberia o chão em que elas pisavam. Já o Ney foi tranquilo, bem humorado e ele levou aquele papo furado numa boa mesmo sabendo que eu era apenas o redatorzinho do anúncio dele.
15. Que outros artistas você teve contato na década de 70 e 80?
MG: Além de Elis e Ney, “entrevistei” o Raul Seixas para o lançamento do disco Mata Virgem. Foi tipo assim: o poste conversando com o cachorro, ou ele estava doidão ou eu. Também conheci muita gente ligada a produtora de jingles, e tive o privilégio de ver comerciais meus com trilhas compostas pelo Rogerio Duprat, Zé Rodrix, Walter Santos, Dino Vicente (do Som Nosso de Cada Dia)… um monte de gente boa.
16 – Opa, como assim, comerciais com jingles? Que legal. Você pode dizer quais as empresas envolvidas?
MG: Todo comercial tem uma trilha. Se for uma trilha cantada enaltecendo as qualidades de um determinado produto daí é um jingle. E quem faz a trilha ou o jingle para os comerciais são os músicos. Você contrata uma produtora (de comerciais ou trilhas) e eles vão atrás de algum músico para compor a trilha (ou jingle). Trabalhei muito nos anos 70 com a produtora Vice Versa que era do Rogério Duprat. Daí que ele compôs algumas trilhas para clientes que eu atendia na época, tipo Brinquedos Estrela, Banco Commind… Não vou lebrar agora quem fez o quê porque sinceramente isso é tão corriqueiro na profissão que precisa ser alguma peça premiada ou algo que o valha para você saber os detalhes 40 anos depois, hehe… Nos anos 80 eu trabalhei também com a Bico de Lacre, uma produtora vizinha da minha casa e que era do Sá e do Guarabira, daí que eles também fizeram alguma trilha para comercial meu. Trabalhei muito também com o grande músico Emilio Carrera, uma figura humana fantástica e que, entre outras coisas foi da banda de apoio do começo dos Secos e Molhados (com o Ney), pertenceu ao grupo psicodélico O Bando e ao Humahuaka com o Willy Verdaguer; o Zé Rodrix, junto com o Tico Terpins (do Joelho de Porco) tinha a produtora A Voz do Brasil e me lembro que eles fizeram o jingle das Lojas Arapuã, que eu atendi por uns tempos. Enfim, estou contando apenas os mais conhecidos. Trabalhei com um milhão de produtoras, e músicos fantásticos, como o Dino Vicente, o Zelão…
17. Você também é amigo do Roger (Ultraje a Rigor). Ainda mantém contato com ele?
MG: Eu fui amigo do Roger quando tinha uns 17/18 anos. Depois perdemos o contato. Ele e o irmão Regis me apresentaram ao Can. Gente boa os dois. Aquela conversa de que o Roger tem QI lá em cima é verdade, um cara muito inteligente. Hoje em dia batem firme nele, mas eu procuro não julgar. Opinião cada um tem a sua.
18. Sério que ele lhe apresentou Can. Não imaginava isso. Que mais vocês ouviam na época?
MG: Eu conheci o Roger e sua família (ele tinha mais 2 irmãos e uma irmã) nas ferias de verão em Santos, lá por 71/72. Ele e o irmão tinham várias fitas cassete gravadas com bandas da época e a gente ficava ouvindo no apartamento que eles estavam hospedados. As músicas eram de bandas que estavam surgindo, tipo Uriah Heep, Sabbath, Zeppelin, Genesis, Yes … Não vou lembrar exatamente o que ouvíamos. Durante aquele anos fui algumas vezes à casa deles em São Paulo e foi lá que ouvi Can, VdGG, Peter Hammill e uma ou outra coisa que desconhecia. Daí que se eu disser que foi na casa dele que eu conheci as bandas que mais gosto até hoje não estarei mentindo. Ficamos amigos chegados por algum tempo. Lembro que anos depois ele voltou dos EUA e dava aulas de inglês. Eu tinha um amigo (que infelizmente morreu muito novo) que estava para ser contratado por uma gravadora para iniciar uma carreira de cantor popular. Ele tinha meio que uma banda de apoio e me dizia que o Roger fez uns testes e que ninguém ia com a cara dele (os músicos da banda). Se foderam, né? Tivessem contratado o rapaz…
19. Falando um pouco agora do lado prazeroso da música, que é o ouvir e colecionar. Quais são suas principais lembranças de quando começou a ouvir música?
MG: A lembrança mais antiga que eu tenho é a de uma vitrola de móvel que meu pai tinha e que tocava bolachões 78 polegadas. Isso no final da década de 50. Tinha uma caixinha de metal da RCA Victor cheia de agulhas que precisavam ser trocadas em intervalos pequenos. E cada agulha daquelas parecia um prego. Como eu tenho uma irmã 7 anos mais velha do que eu, lá por meados dos anos 60 ela ganhou uma vitrola portátil (um monstrengo maravilhoso com duas caixas de som que serviam de tampa). Lembro que ela tinha compactos dos Beatles, Rolling Stones, Neil Sedaka, músicos italianos românticos, Roberto Carlos e alguns LPs. Eu comecei a comprar meus discos lá por 67/68… o primeiro compacto foi o duplo do Johnny Rivers que tinha “Do You Wanna Dance” e o primeiro LP foi o Cheap Thrills, da Janis com o Big Brother. Como eu tinha mania de colecionar e queda para ser acumulador, logo comprava o que podia e aparecia pela frente: gostava de Beatles, Guess Who e, principalmente, Creedence.
20. Você gostou de rock desde o início ou foi em um determinado período de sua vida?
MG: Na parte comportamental começou com a Jovem Guarda. Eu tinha uns 11 anos e vestia modinha Calhambeque e Tremendão e tinha cadernos e pastas com fotos de Roberto, Erasmo, Wandeca, Martinha … Minha irmã uma vez apareceu na televisão se esgoelando na plateia do programa do Roberto e isso marcou o pré-adolescente aqui. O rock veio com os primeiros discos e eu meio que deixei de lado os artistas nacionais que são tão valorizados hoje (principalmente o dos anos 70), mas que a gente (eu e meus amigos bolacheiros) não dava a mínima naqueles anos. Tirando Mutantes, Secos e Molhados, Som Nosso e mais uma meia dúzia de bandas de rock que nos deleitavam em shows, a gente achava os brasileiros bem fraquinhos e sem graça. Eu era completamente aculturado. Daí que ouvia muito rock que tocava nas rádios, nas paradas de sucessos que seguiam as listas da Billboard e Cash Box; ouvia também um pouco de música clássica por causa de uma coleção de fascículos da Editora Abril, a primeira a lançar os fascículos acompanhados de discos, chamada Grandes Compositores da Música Universal. Interessante que nos anos 70 a gente ia descobrindo esse monte de bandas fantásticas, marcantes até hoje, mas eu na época achava a década fraca em relação aos anos 60 que eu também ia descobrindo junto. Foi nos anos 70 que eu me aprofundei nas bandas americanas da Costa Oeste e na invasão inglesa e Swinging London. Também tinha amigos tão malucos por som quanto eu. Um deles era o Valcir que mais tarde abriu a histórica loja de discos Woodstock. Valcir e Murilo (sócios na Woodstock) viviam percorrendo o bairro da Moóca com discos embaixo do braço pra fazer rolos. E eram coisas fenomenais. Eu também tinha um primo tão xarope quanto eu e que também gostava de arriscar seu suado dinheirinho em bandas desconhecidas. Conhecemos muitas coisas diferentes juntos.
21. Com quantos anos você comprou seu primeiro disco, e qual foi? Você ainda tem ele?
MG: Já respondi isso mais acima e não, não tenho mais nenhum daqueles primeiros discos.
22. Você afirma que não tem mais coleção, e até por isso, montou a loja virtual Siri da Gaita (sendo que antes você tinha a loja física Mister Sebo). Como foi o momento que você decidiu virar um lojista vendedor de discos?
MG: Abrir o Mister Sebo foi realizar um sonho e iniciar um pesadelo. Eu estava desiludido com a propaganda e desempregado. Como eu vivi boa parte da minha vida em sebos e tinha ainda milhares de livros em casa acumulando pó, juntei a fome com a vontade de comer. Uni-me a dois sócios, banquei a empreitada e usei os livros para começar o acervo da loja. Dos discos eu não me desfiz naquele momento, mas coloquei muitos CDs meus à venda. Depois de um tempo a loja andava sozinha e eu é quem tirava algumas coisas de lá para o meu acervo particular. O Siri da Gaita aconteceu depois que eu saí do Mister Sebo e estava endividado até o gogó do pescoço por causa da aventura de montar um restaurante. Falido, sem chances de voltar para a propaganda, olhei em volta e a única coisa que vi com chances de transformar em dinheiro foi minha coleção de discos. Virei vendedor virtual.
23. Dá uma dor vender um disco que você sabe que não irá encontrar mais? Ou se apegar é passado, e o que vale é ver algum curtindo algo que você já curtiu?
MG: Não recomendo que façam isso em casa, hehe … Eu já tinha cultivado o desapego por anos graças à experiência do Mister Sebo. Mas não é fácil você ter um disco por décadas e ter que passá-lo para frente por um trocado qualquer que você vai gastar em 5 minutos. Dói bastante, mas é melhor nem pensar muito nisso.
24. No auge da sua coleção, quantos discos você chegou a ter?
MG: Uns 4 mil lps, 5 mil CDs, centenas de revistas e livros.
25. Qual a banda que você mais teve itens na sua coleção? Quantos itens?
MG: Antes é bom eu explicar o seguinte: considero coleção itens originais e, se possível, primeiras prensagens. Quando eu digo que tinha milhares de discos e cds, isso é um amontoado. Isso não é coleção. Coleção requer disciplina, pesquisa, estudo e determinação. Você precisa conhecer bastante sobre aquilo que coleciona e não apenas ir juntando itens sem nenhum critério. A imagem dos selos eu acho perfeita: quem tem milhares de selos não tem coleção. Tem coleção quem escolhe uma temática e vai fundo. São poucos item em comparação ao todo, mas é isso o que forma uma coleção de valor. Daí que eu tinha alguns temas e bandas que colecionava: tudo relacionado ao Can, ao Magma e ao VdGG. Dessas bandas eu cheguei a ter uma coleção interessante.
26. Que outras bandas / artistas tinham destaque na sua coleção?
MG: Também me aprofundei no período entre 66 e 74 e só comprava o que achava de interessante dentro desse período. Tive coleções paralelas de rock italiano, francês, krautrock e da cortina de ferro. Tive muita coisa do Donovan também e artistas de acid folk. Dos anos 80 eu colecionava discos de bandas de Paisley Underground e nos 90 fui surpreendido pela volta da lounge music e passei a comprar e ouvir tudo que podia sobre orquestras e Exótica. Um mundo novo e fascinante.
27. Além de discos, você colecionava outro tipo de memorabilia?
MG: Livros. Tenho centenas, alguns guardados desde os anos 70. Revistas também. Sempre vivi rodeado delas e devorando suas páginas inúmeras vezes. Tive muita fita cassete e de rolo que não tenho mais.
28. Você tem ideia de quantos livros você chegou a ter? Quais as principais linhas literárias que você possuía?
MG: Sim, eu tive uma biblioteca de 8 mil volumes. É muito livro. E tinha de tudo, principalmente livros de referência, bibliografias, dicionários… Também colecionava primeiras edições. Provavelmente tive quase tudo dos escritores cariocas da Belle Epoque João do Rio e Lima Barreto… Muito livro de arte, literatura em geral, música, enfim, um verdadeiro amontoado de papel. Quando resolvi começar a me desfazer porque não conseguia cuidar dos livros como eles precisam, vendi a metade deles e com o dinheiro fui viajar. O resto que eu segurei serviu de acervo para quando eu abri o Mister Sebo. Livros que nunca mais consegui outros exemplares. É bom nem lembrar muito, hehe…
29. Imagino a tristeza. Dói só de ler … Voltando para os discos, como era adquirir LPs e conhecer bandas em uma época onde não havia internet, e poucas eram as revistas especializadas em música aqui no Brasil?
MG: Saíram muitos discos raros no Brasil. Prensagens que só existem aqui e nos países de origem. Daí que valia a pena arriscar nas obscuridades. Com o passar dos anos quem arriscou se deu muito bem. Mas não existiam informações, e era uma tortura. As revistas nacionais falavam das grandes bandas. E as internacionais que apareciam nem sempre nos brindavam com informações sobre quem nos interessava. Muitas eu só soube maiores detalhes anos depois. Mas tinha o outro lado: o desconhecimento e a curiosidade acabavam por criar uma reverência e a gente devorava os discos em meio a rituais de audição, o tipo de coisa que a facilidade de acesso da internet deu um jeito de acabar. Hoje a disponibilidade tira o encanto das bandas e as pessoas ouvem os discos sem prestar a mínima atenção. Na época você colocava um disco para tocar e aquilo era mágico, reverencial. Você realmente parava tudo o que estava fazendo pra ouvir um disco. Hoje você ouve Yes enquanto separa do bolso o troco pra pagar o ônibus. Ouve Led Zeppelin enquanto escolhe um melão na feira e discute com o feirante. Qual a graça?
30. Quais eram as melhores lojas para adquirir discos na sua cidade?
MG: Aqui em São Paulo havia muitas e ótimas lojas. Nos anos 70 para comprar rock a melhor era o Museu do Disco. Depois veio a Galeria do Rock e por fim a melhor loja de todas: Nuvem Nove.
31. Você também assistiu muitos shows de bandas que hoje viraram ícones, como Mutantes e O Terço, mas no auge do sucesso dessas bandas. Quais as lembranças que você tem dessa época?
MG: Mutantes tocava em bailinhos. Era o show que encerrava as domingueiras. Isso na época do Top Top, ainda com a Rita Lee. Outro que animava as domingueiras do Palmeiras era o Made in Brazil na época do Cornélius no vocal. Fui a shows do Terço, Secos e Molhados antes do sucesso, do Arnaldo antes da Patrulha, do Som Nosso com o Manito, Terreno Baldio, Grupo Capote, Rita Lee e Tutti Frutti na sua fase Bowie… sei lá, um monte mais. Tenho lembranças esparsas, mas nada especial. Ah, lembro de shows do Jorge Mautner com o Jacobina (eu era fã de não perder nada) onde tiveram que devolver o dinheiro para a meia dúzia que pagou ingresso. Não dava pra tocar por absoluta falta de plateia, hehe…
32. Quais materiais raros você ainda tem em mãos?
MG: Poucos. Alguns italianos, alguns alemães, uma ou outra coisa inglesa, mas sei lá… não me animo a falar a respeito.
33. Como está o acervo do Siri da Gaita?
MG: Procuro colocar novidades todos os dias. Ainda tem muita coisa boa à venda. Obscuridades à espera de compradores intrépidos e destemidos, hehe… e hoje em dia basta colocar o nome do disco no youtube que sempre aparece uma ou outra música para saber se vai gostar ou não. Nada se compra no escuro, nem o obscuro…
34. Eu, com orgulho, sou um deles (ainda quero o Jobriath e o Pescado Rabioso!!). Falando nisso, onde você adquire itens para o Siri da Gaita atualmente?
MG: Se eu disser vou ter que matá-lo depois, Mairon, mas exponho em muitas feiras de discos, daí que é só garimpar por lá, fazer trocas, vender este corpinho gostoso…
35. Há algum disco que você tenta passar adiante e não consegue de jeito nenhum?
MG: Não. Toda panela uma hora acha a sua tampa.
36. Você já esteve na Austrália. Como é a questão de lojas de discos por lá?
MG: Muito parecido com aqui no Brasil. Talvez a diferença seja que a Austrália não fabrica mais discos, importa as novidades da Europa, Asia e EUA. Os preços acabam sendo tão caros quanto o dos importados que aparecem por aqui. Impraticáveis para revender. O bom é que saiu muita coisa boa por lá e discos muito bem cuidados. Daí que os usados são uma ótima opção para revenda. Alguns, no entanto, principalmente os de bandas carimbadas saem caros.
37. Que outros países você visitou? Como é a relação loja de discos / preço de discos nesses países?
MG: Já comprei discos em algumas capitais europeias, em alguns lugares do EUA e América do Sul, mas acho que o melhor cara para responder a essa pergunta é o Fernando Bueno, nosso globetrotter. Minha sensação é que o disco de vinil virou artigo caro em todo o mundo. E os CDs, invariavelmente, vão para o mesmo caminho. São menosprezados agora mas é só uma questão de tempo.
38. E como é vender para o exterior? Você tem canal no ebay? A questão da busca pela qualidade é maior que no Brasil ou o pessoal vai atrás mais do álbum em si.
MG: Vendi muito no eBay no começo dos anos 2000. Tinha paciência e achava engraçado. Hoje não vendo mais, o que não significa que não pretenda vender. Essa questão da qualidade só traz confusões, pois a maioria dos vendedores brasileiros tem uma noção diferente dos estrangeiros em relação ao estado dos discos. Fomos acostumados, por exemplo, a edições meia boca de muitos discos que saíram nos anos 70, por exemplo. Principalmente a partir de 1973, quando houve a primeira grande crise mundial do petróleo. Os discos aqui passaram a ser prensados com vinil reciclado e com uma gramatura pequena , o que comprometeu a sonoridade. As capas também eram pobres e muitas vezes carentes de encartes. Claro que isso tornou algumas edições únicas e cobiçadas, como o Pawn Hearts nacional, mas em geral o estrangeiro tem uma péssima impressão das nossa edições. E das argentinas e uruguaias também. Lembro que nos anos 90 estive em Manhattan e fui conhecer uma loja que eu comprava muitos artigos por catálogo e recebia via correio. O nome da loja: Midnight Records. Era também um excelente selo para discos de punk e hardcore. Pois bem, estive na loja e o dono ficava engaiolado num cômodo a dois metros do chão, olhando a loja toda de cima. Para pagar e receber os discos você precisava se esticar todo porque o camarada, além de só olhar você de cima (o que intimida pra caralho), não queria muito contato com os clientes, principalmente aqueles habitantes do quintal dos EUA como eu. Depois de ir à loja umas duas vezes e gastar um bom dinheiro, lá pelas tantas resolvi perguntar pro fulano se ele não estava interessado em trocar discos brasileiros raros por materiais da loja. Quando eu disse que os discos eram edições do Brasil, o cara só faltou vomitar. Disse que nossos discos eram lixo e já me senti sendo expulso da loja a golpes de taco de baseball. Também encontrei na época (pode ser que essa percepção tenha mudado de uns anos para cá, mas era forte naqueles tempos) muita relutância dos clientes estrangeiros para discos brasileiros vendidos no eBay e, normalmente, porque além da qualidade do vinil em si, as capas geralmente tinham pontos de mofo ou oxidação em função do clima tropical. Tem gringo por aí que já viveu décadas e nunca viu uma folha de papel mofada. Daí que você explica as condições do disco e à medida que o gringo interpreta o que você descreve, vai perdendo o interesse. Precisava ser algo nacional muito raro e em ótimas condições para se vender bem. Isso sem falar da reputação dos brasileiros lá fora que é péssima.
39. Quais os países onde o pessoal é mais “caxias” na compra de vinis / CDs.
MG: Hoje em dia existem colecionadores caxias em qualquer lugar do mundo. Até no Brasil. Lá fora eu até entendo porque são pessoas acostumadas a normas de conduta bem rígidas: se um disco vale $50 doletas, dificilmente vai encontrar alguém disposto a pagar $70. Se o disco é descrito como um VG+, o comprador recebe um disco praticamente novo. Aqui qualquer disco porco é anunciado como ótimo independente da foto do disco estar mostrando que é um disco porco. Há muita desinformação, mau caratismo e burrice envolvidas. E os preços são absurdos porque não existem os agentes reguladores: você não tem um catálogo de preços para discos nacionais, por exemplo. Escrito por alguém que seja respeitado no meio. Lá fora isso regula o mercado desde que o vinil é vinil. Então aqui você encontra um mesmo disco sendo vendido de R$10,00 a R$200,00. E gente disposta a pagar de R$10,00 a R$200,00 pelo mesmo disco. E voltando ao colecionador caxias, os maiores absurdos você ouve justamente dos seus amiguinhos brasileiros: gente que começou a colecionar ontem e que não entende que se você vende um disco usado, fatalmente ele terá marquinhas superficiais e pipocos de poeira grudada nos sulcos. Disco mint é disco lacrado. Se você abre o lacre e põe o disco para tocar, a partir daí ele está sujeito a várias ações que vão comprometer seu desempenho. Disco é um material que funciona por atrito. E cada vez que a agulha atrita o vinil, ele perde alguma coisa. O caxias desinformado e ingênuo que não quer problemas só deveria comprar discos lacrados e investir uma pequena fortuna em um equipamento condizente com a qualidade sonora que ele idealiza em sua cabeça. Não adianta comprar um disco lacrado e tocá-lo nessas vitrolinhas chinesas. Vai dar merda. Como também não adianta comprar discos com muito uso e tocar em um equipamento muito sensível. Vai dar merda também. Parece banal o que estou dizendo, mas acontece direto.
40. Há uma busca por material de artistas nacionais ou o pessoal se mantém apenas em busca de mais uma versão diferente do Yellow Submarine?
MG: Isso é surpreendente para mim: os artistas nacionais são muito, mas muito mais solicitados que os estrangeiros hoje em dia. Surpreende porque a minha geração é absolutamente aculturada. Rock só o cantado em inglês. MPB nem pensar. Salvavam-se os malditos ou os tropicalistas. Discos que a gente podia martelar que não quebravam de tão ruins hoje são cultuados como pérolas escondidas. Artistas que a gente considerava bregas por puro preconceito fazem hoje inclusive a nossa cabeça. É uma lição que eu aprendi: a que ponto chega nossa (minha) própria estupidez e mau gosto. Porque uma segunda audição, mais atenciosa e menos preconceituosa, revela grandes discos. Por outro lado, um ou outro continua difícil de engolir.
41. O que você indica para quem quer começar a vender sua coleção ou estoque para o exterior?
MG: O único conselho prático que eu posso dar é que pesquise os catálogos de preços, procure saber exatamente que edição é essa que você está vendendo para saber quanto vale. Saiba avaliar o estado do disco e da capa. Decore a tabela da Goldmine ou da Record Collector. E nunca, jamais caia na tentação de vender gato por lebre porque reputação é a única coisa que conta no mercado virtual. Se tiver algum problema com um cliente insatisfeito considere em primeiríssimo lugar devolver o dinheiro que ele pagou para daí discutir um acordo que satisfaça o cliente. É isso aí.
42. O que todo mundo gosta e você não consegue gostar? O que só você gosta?
MG: pergunta é provocação pura: não consigo gostar de Rush, Dream Theater e Supertramp. E todo mundo gosta. Por outro lado, amo a Yoko Ono e todo mundo odeia.
43. Cite cinco itens da sua coleção que você deixará por último para colocar a venda.
MG: Tem umas coisinhas ainda: primeiras edições italianas, alemãs, espanholas, obscuridades progressivas, discos curiosos, como um livro-disco composto pelo Roger Roger com músicas (bem bacanas) e segredos para agradar as plantas. Desse tipo eu ainda tenho alguns bem diferentes: discos gravados por grupos de rock formados por soldados americanos baseados na Alemanha; discursos da década de 60 musicados e inflamados, teorias arquitetônicas… lps fantásticos e pouco comuns. Os discos que estão ficando por último, as joias da coroa, são os que não valem a pena vender no Brasil por causa do preço. Ninguém vai pagar o preço. Melhor leiloar lá fora via eBay.
44. Quais os dez melhores discos da década de 60?
MG: Meu Deus, como eu odeio essas listas. Não dá pra escolher só 10 discos. Mas vamos lá. Fora de ordem, tá? E troco a pergunta para os discos que eu mais gosto da década de 60 e daí por diante.
Magical Mistery Tour – Beatles
Sunshine Superman – Donovan
Aerosol Grey Machine – VdGG
Ora – Ora
Cheap Thrills – Big Brother & Holding Co.
Electric Music for the Mind and Body – Country Joe & The Fish
Outlander – Meic Stevens
Snafu – East of Eden
Bless its Pointed Little Head – Jefferson Airplane
In the Court of Crimson King – King Crimson.
45. Quais os dez melhores discos da década de 70?
MG: Live – Magma
Tago Mago – Can
Pawn Hearts – VdGG
Gusliar – Pesniary
Taking Tiger Mountain by Strategy – Brian Eno
Roxy Music – Rosic Music
Approximately Infinite Universe – Yoko Ono
Squawk – Budgie
Sufficiently Breathness – Captain Beyond
Pollution – Franco Battiato
46. Quais os dez melhores discos da década de 80?
MG: Emergency Third Rail Power Trio – Rain Parade
The Days of Wine and Roses – Dream Syndicate
The Splendour of Fear – Felt
Ancestros – Sintesis
Playing with Fire – Spacemen 3
Por Este Rio Acima – Fausto
Glass Tube – After Dinner
Letters Home – News from babel.
Old Rottenhat – Robert Wyatt
Killing Time – Massacre
47. Quais os dez melhores discos da década de 90?
MG: Peggy Suicide – Julian Cope
Kaddish – Towering Inferno
Nevermind – Nirvana
Democrazy – Chris Judge Smith
Da Lama ao Caos – Chico Science & Nação Zumbi.
Loveless – My Boody Valentine
Mesmerized – Red Chair Fadeaway
Superseeder – The Bevis Frond
Contacto Espacial com el Tercer Sexo – Sukia
Aenima – Tool
48. Quais os dez melhores discos dos anos 2000 (de 2001 até agora)?
MG: Duvido que eu conheça 10 discos que possa chamar de melhores. Mas tem umas coisinhas que eu gosto:
Tu Hoguera Está Ardiendo – Klaus & Kinski
Merriweather Post Pavilion – Animal Collective
Soehrimnir – Lupercalia
Les Fleurs du Mal – Sopor Aeternus & The Ensemble of Shadows.
Uh-Oh! – Tipsy
Best Of – Max Raabe & Palast Orchester
Psicòtic Music´ Hall – Pascal Comelade
Dying Surfer Meets His Marker – All them witches
From the fridge – Colt
O Terno – O Terno.
49. Cite dez discos que você levaria para uma ilha deserta.
MG: Mutantes – Mutantes
El Baile Aleman – Señor coconut
White Album – Beatles
Neu! – Neu!
Wolf City – Amon Duul II
Photos of Ghosts – Premiata Forneria Marconi
Underwater Moonlight – The Soft Boys
Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua – Sergio Sampaio
Chips from the Chocolate Fireball – The Dukes of Stratosphere
Para Iluminar a Cidade – Jorge Mautner
50. Cite dez itens que deveria ter nessa ilha deserta para completar o prazer de estar com esses dez discos.
MG: Contracorriente – Vainica Doble
Island – King Crimson
Before and After Science – Brian Eno
Revolver – Walter Franco
Acabou Chorare – Novos Baianos
Acnalbasac Noom – Slapp Happy
The Slider – T. Rex
Think Pink – Twink
Lóki!?– Arnaldo Baptista
Byrds – Qualquer um.
51. Como os colecionadores podem adquirir discos no Siri da Gaita?
MG: Tenho uma página de vendas no facebook: www.facebook.com/siridagaita. Basta clicar em fotos à esquerda da página que abre todo o acervo. Se curtir a página o face promete enviar as atualizações diárias, mas fica me cobrando uma grana que não compensa pagar, daí que é bom visitar a página de vez em quando.
52. Alguma coisa mais que gostaria de passar para nossos leitores?
MG: Gostaria, claro, de agradecer a paciência de quem leu esta entrevista toda. E pedir encarecidamente que, caso leiam matérias minhas ou de meus colegas consultores, comentem qualquer coisa na matéria. Eu acho isso o combustível do tesão para escrever cada vez mais. Se eu ficar imaginando que ninguém lê o que eu escrevo, não consigo ligar o foda-se. Isso realmente me incomoda. Se for pra escrever pra mim, melhor escrever um diário. E eu quero morrer mais leve.
Enfim uma entrevista sem Iron Maiden em destaque. Não sabia que nosso colega Marco tinha uma história tão interessante assim. Animal a entrevista, e aguardando o próximo capítulo.
Alisson, na real, o Marco é o maior colecionador de Iron Maiden do país. Desses 4 mil discos que ele diz que chegou a ter, 3000 e pouco eram do Iron. Os livros então, quase 98% eram sobre Bruce Dickinson e cia. Ele só não quis publicar as fotos para não humilhar o Daniel e o Bueno
Só o fato de não citarem Iron Maiden na matéria já me alegrou muito
Gosto muito das matérias de Marco Gaspari, devido ao seu ecletismo. As listas apresentadas demonstram um consultor que não se prende ao metau e ao prog, reconhecendo a relevância de artistas como Walter Franco, Sérgio Sampaio, Loveless, entre outros. Parabéns!
Ninguém por aqui é tão ecletico quanto o Mairon, mas a gente se esforça. Obrigado pelo seu comentário, Antonio Marcos.
Eclético, eu? Obrigado
Muito boa a entrevista! vou ler as matérias do Marco e comentar!! 🙂
Isso, Marcel, falou as palavrinhas mágicas: ler as matérias e comentar.
Acho que agora acabou a ladainha de quem deu o nome foi o Bueno. Tá visto que foi o Marco.
Lógico que fui eu. O Bueno, pelas suas posses lá em Porto Velho, pagou todos os impostos e propinas para fundar o blog. O que não foi pouco.
Esse papo do nome da Consultoria já tá virando lenda….
Muito legal sua entrevista Marco. O mais interessante é ter a visão de quem “estava lá” falando sobre os lançamentos de bandas que hoje são lendárias. Imagino que a minha geração vai ter a oportunidade de falar sobre Guns e Nirvana, por exemplo, o que não é muita coisa comparada com Led, Sabbath, Purple, Yes, etc, etc, etc. Para quem não conhece o Marco pode ser difícil saber quando ele está sendo irônico ou piadista, no meio das coisas sérias que ele fala…Imagino que foi um choque para os que leram no início sobre a história da ASPABROMI…hahahahahahahahaha.
A questão dos comentários é muit importante para o Marco mesmo. Eu concordo com ele, mas não reclamo nas inúmeras matérias que fiz que estão jogadas às moscas. Claro que meus textos não têm o mesmo nível dos textos deles….claro!!!
Para quem se interessar pela outra que ele citou o link é esse aqui:
http://www.collectorsroom.com.br/2010/03/minha-colecao-marco-gaspari-quem-gosta.html
Como assim piadista? Sou um sexagenário muito sério. Mais sex do que agenário, bem entendido. Mas nem você e nem os outros amiguinhos Consultores precisam apelar para a humildade: acompanho vocês e suas matérias desde praticamente o início do blog e todos evoluiram muito nos textos. Eles estão cada vez melhores, mais consistentes e gostosos de ler. O mau gosto continua o mesmo, mas nem tudo é perfeito.
Fernando, sinceramente, acho que a única coisa séria que o Marco falou foi sobre a ASPABROMI. O resto é história …
Caramba, lembrei agora da entrevista do Bueno ao Marco, acho que está na collectors room, não me lembro mais.
Saludos desde ASPABROMI, compay Gaspari! Grande entrevista! Ação, romance, comédia! Tá tudo aí! Leiam! Só tô preocupado é que depois dessa o Gaspari nem vai pisar no chão mais…vai estar impossível!
Cada vez piso mais firme no chão, Eudes. Depois que parei de fumar, ganho peso todos os dias.
Tenho em versão CD (edições argentinas) Desatormentandonos e Artaud, do Pescado, mas vc deve estar correndo atrás do vinil, né, Mairon?
Sim. Ando doido para dar um pulo em Buenos Aires, mas o dólar em alta impossibilita essa viagem …
Única falha da entrevista é que, salvo engano, o Gaspari não citou nada do Iron Maiden! Lamentável!
Concordo, lamentavel!!!
História, conhecimento, humildade, humor, simpatia, carisma e muitas outras coisas… Tudo isso nosso guru Marco Gaspari tem de sobra, e deixou claro nesta que é a melhor entrevista desta série, mesmo sem ter lido as que virão! Uma aula não só sobre música, mas sobre a paixão que ela causa em pessoas como nós! E, mesmo com tudo isso, ainda capaz de revelações surpreendentes como as citações ao Nevermind, Chico Science e O Terno, que parecem tão distantes do “horizonte” de alguém que viu os “dinossauros musicais” andarem pela terra, mas que faz questão de se manter atualizado e ainda aprendendo! Parabéns não só pela entrevista, meu caro Siri, mas pelo exemplo que passas todos os dias a cada um de nós (quem lida com tuas “broncas” nas reuniões virtuais do site sabe do que estou falando, hehehe)! Sempre em frente!
Ah, e finalmente soube o significado da sigla ASPABROMI! Surpreendente!
Poxa, Micael. Fiquei emocionado aqui. E tudo isso vindo de um anjo…
Se fosse no facebook, eu deixaria um “curtir” para sua resposta, Marco! Mas saiba que todas as palavras acima são sinceras!
O cara é lindo, simples assim.
Só puxam saco do Marco. Fiquei seis meses em busca da Caverna dele, consegui a entrevista, e ninguém fala de mim. Só o Marco, o Marco. Marco bom é esse aqui
https://www.youtube.com/watch?v=yazkNHqoyZ8
O cara tem mais fãs fieis do que o Kiss e o Greatfull Dead juntos!
“Grateful Dead”
inveja pura, EuDeus
Sensacional a entrevista. Por estas e outras sigo fiel a esta Consultoria. Parabéns ao Marco Gaspari. As dicas sobre as vendas de vinil foram ótimas. Abs
Obrigado André. Abraços
Marcola, eu sabia que você tinha umas histórias e curiosidades guardadas nessa sua cachola de ralos cabelos brancos, mas fico contente de ter tido a oportunidade de ler toda a sua entrevista e ter agora um pouco mais de conhecimento de quem vivenciou e acompanhou tantas décadas da música e pôde adquirir tantos materiais de tantas bandas diferentes.
Quando eu tiver 60 anos quero estar igual a vossa senhoria, que obviamente estará ainda ralhando conosco do alto de seus 90 anos.
Hehe… não existe “alto dos seu 90 anos”, pois a gente vai ficando cada ano mais baixo. Obrigado, André.
ótima entrevista. parabéns. Quando tiver melhor de grana, espero poder investir no acervo do Siri…
Muito saber sobre as discrepâncias entre clientes brasileiros e gringos.
Valeu Dimas. Abraços
Essas entrevistas com colecionadores é um barato….um dia chego na loucura desses caras rsrsrs.
Loucura = paixão, concorda Rafael?
Meu deus, parem de babar o cara…depois ele fica impossível e vocês vão reclamar.
Quando for a sua entevista, prometo babar bastante. Aliás, já estou estocando baba, sócio.
E Deus é com D maiúsculo, herege.
Esse é o meu Amigo Marco Gaspari que carinhosamente chamo desde a época que tive o prazer de conhecer de “Siri da Gaita”.
Um Mestre na arte do papel e lápis e uma referencia para quem deseja saber um pouco mais sobre esta fantástica arte da música.
Show de Bola e um forte e fraterno abraço do seu amigo Merlinus…
Simplesmente sensacional! E o melhor: uma baita coleção de “responsa”! Abração, Marco!
Comodoro Ze Leo, esse é dos parça. Abração
Eu não entendo porque o Gaspari não se simpatiza com o último disco do Genesis a contar com o Peter Gabriel “The Lamb Lies Down on Broadway” (que ele chama de “Vai Lamber Sabão na Broadway”), e nem ele entende minha antipatia pelo “Atom Heart Mother” do PF, minha paixão pelo Richard Clayderman e pelo Rei Roberto. O Gaspari também não entende minhas brigas polêmicas com os fãs de “Close to the Edge” do Yes.
Também não entendo o porque desse seu comentário, Igor. Mas como gosto de comentários, está valendo.
Certíssimo, Gaspa!
Vou te dar de presente um box set só de CTTE,Maxwell.Vai que você,de uma vez por todas,rende-se a áurea infinitamente positiva do disco que é no mínimo SAGRADO para os ouvidos e almas que o sente.Wake up,Maxwell,i get up..
Bah, dá esse box para mim então, Erick
Não quero, Erick. Você sabe que eu prefiro mil vezes os “Contos dos Oceanos Topográficos”, pois como diz Jon Anderson num dos 4 temas do disco “Nós somos do sol e nós amamos quando tocamos e vemos”. Isso é pra mim bem mais relevante do que a mensagem do CTTE.
Bom, parece que a entrevista já rendeu o que tinha que render.
Então eu gostaria de agradecer ao Mairon pela paciência e carinho. E a todos os demais pelos comentários e elogios.
E dizer que essa matéria me proporcionou momentos muito engraçados. Minha irmã (7 anos mais velha), por exemplo, entrou em contato assim que leu. Ela se surpreendeu por desconhecer tantas facetas da minha vida. Uma delas: “Não sabia que você mantém um Asilo em Barueri”.
Marco, essa matéria ainda tem muito o que dar. Eu que agradeço por você ser tão cordial e parceiro com a entrevista. Se não fosse a sua pessoa, certamente eu não estaria aqui incomodando tanto os leitores.´Agora me surpreende sua irmã. Como ela não sabia da ASPABROMI? Essa aí até o Obama já tá quase entrando …
“Não sabia que você mantém um Asilo em Barueri”… Ri alto aqui agora imaginando a surpresa da sua irmã, Marco!
Os artigos do Marco Gaspari são sempre um sopro de novidade para mim. Principalmente quando ele se debruça sobre aqueles artistas e bandas que não tiveram tanta sorte no cenário rock, mas produziram coisas interessantes.
Vida longa ao Gaspari!!!
Obrigado, Francisco. Se me permite, gostaria de acrescentar o próspera ao vida longa.
Se eu tivesse três vidas,ainda assim não teria um terço de dois terços da coleção de Gaspari!Que baita coleção!!Mais uma ótima entrevista,Mairon,parabéns!Vale destacar,a menção do ‘Taking Tiger Mountain by Strategy’ e do sublime ‘Roxy Music’…Uma pena você,Marco,não gostar de Jazz..Seria interessante ver discos de Jarrett pela CR,fica a dica!
Keith Jarrett irá aparecer em uma entrevista lá por abril meu caro Erick> Aguarde. E obrigado pelos elogios.
Que bom,Mairon!Já presumo qual será essa entrevista em que o nome sagrado de Jarrett marcará presença!!Tenho grande admiração e respeito pelo nome que mais prezo dentro do Jazz,pois depois que eu ouvi o clássico TKC,nunca mais eu olhei para a improvisação como algo banal,mas,sim,como algo espiritual.
Koln Concert é um dos melhores discos da carreira do Jarrett. Em termos de solo, insuperável. Mas para mim, o melhor mesmo é o THe Eyes of the Heart. Discaço. Sou curioso até hoje para saber o que ficou apagado no lado D. Será que é tão horrível assim?
Erick, isso que eu postei é o que sobrou: mais ou menos 10% da coleção que eu tinha antes de iniciar o Siri da Gaita. Juscelino incluiu a construção de Brasilia em um plano de metas batizado de “50 anos em 5”, que seria o avanço que esse plano de 5 anos significaria para o Brasil. Pois bem, eu vivi o 40 anos em 4 que foi o quanto significou a dilapidação da minha coleção em 4 anos, hehe… E também não me considero mais um colecionador, mas sim um vendido sem vergonha. Quanto ao jazz, eu evoluí um pouquinho: hoje escuto o suficiente, principalmente cool jazz, big bands e vanguarda. Jazz rock continuo digerindo mal. Mahavishnu então…
Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah, como eu queria ter conhecido o Marco antes para angariar uma parte dessa coleção que foi se embora. Judiaria
“A principal qualidade é justamente que ninguém se leva a sério a ponto de achar que sabe das coisas, que é dono da verdade… Se tem ego por aqui, não é aquela coisa intimidadora. E é muito engraçado quando um mete o pau na opinião do outro nos comentários”. Verdade,
Esse é o único site em que eu comento, justamente porque não tem ninguém que realmente se ofenda se alguém falou mal de sua bandinha do coração (ou bem daquela que você detesta), nem ninguém com aquela falsidade de “na boa, respeito sua opinião, mas…”.
Enfim, difícil acreditar que isso está realmente dentro da internet.
Como costumam dizer por aqui, vocês são LIMDOS
Muito obrigado Elardenberg. Você também, é LIMDO. Apareça mais, andava sumido!
Eu já expliquei. Passei o último ano quase todo sem internet, mas sempre que eu acessava passava por aqui.
Muito legal a entrevista. A parte que ele disse que gostava de mostrar sempre bandas novas, desconhecidas… isso é muito legal. Conhecer banda famosa (e boa) é bem mais fácil, é bom que ele faça isso. E ainda lista (mesmo a contra-gosto) vários álbuns. Acho que vez ou outra vou rever esse post para procurar esses nomes.
Marco já é lenda. Ótima entrevista. Dei altas risadas com o lance do ASPABROMI. Abraço.
Tu ri porque não tem de comer a papa das 5h todo santo dia…meu pat boone já tá em pandarecos.
aoiehaoiehaoiehoaiheoiaheoia
Gente, Gaspari só escreve textos lindos, era de se esperar essa lindeza de entrevista! Parabéns ao Mairon por trazer esse momento. Não tenho frequentado muito o site porque é mais fácil achar música que valha a pena em otros lugares do que atolada nos rios de metal dessa Consultoria do Rio Doce… Mas qualquer dia volto pra ler algumas matérias (principalmente do Marco) e comentar. E ver essas entrevistas desses que, ainda que metaleiros acéfalos, são amigos virtuais que fiz ao longo dessa quase-vida. Felicidades!!
Tenho lido textos seus por aí, Adriana. O sobre os 10 melhores do ano que você publicou outro dia estava muito interessante. Tô na sua cola e é bom você não sair da linha . O dia que eu ler algo seu sobre o Nightwish, atropelo. Mas acho viadagem você não fazer aqui uma cruzada pela recuperação do Rio Doce. E pra cada texto sobre o Iron que o Bueno escrever, você rebate com Kamasi Washington. Beijão nesse seu coque muderno formato galinha choca.
Muita honra – e uma bem vinda responsabilidade – ter vc lendo o que escrevo por aí. Acho desperdício de tempo empreender uma cruzada dessas, com gente que tá plenamente satisfeita em sua zona de conforto metálica. Prefiro fazer minha parte, livre de qualquer vínculo a algo tão limitado. Tenho tido pouco tempo pra fazer essa minha parte, e esse pouco tempo é uma das causas de ainda não ter lido suas matérias nem as demais entrevistas. Mas farei isso. Brigadinha!
Adriana, minha flor roxa de Maracujá, a metaleira anda caindo pelas beiradas aqui na Consultoria. Pagofunk é a onda do momento. Beijos minha querida
Olá, como sou novo em conhecer o rock obscuro. Queria saber os nomes das bandas na foto em que foram colocadas na reportagem. Tem umas que não consegui identificar. Ficarei grato.
Rodrigo, isso só o Marco pode te ajudar. Vamos cobrar dele. Mas qual foto específica vc gostaria?
Rock obscuro? Conhece o blog “Venenos do rock”, do Luís Carlos Menegon? Se não, dá uma olhada…
Um dos melhores blogs do mundo. O Menegon eu espero trazer aqui
De fato, o meu interesse pelo chamado rock obscuro se deve muito ao trabalho do Menegon. Conheci muita coisa boa a partir de suas indicações. Ele, com certeza, seria uma excelente aquisição ao cast da Consultoria.
Finalmente consegui ler essa entrevista e fiquei embasbacado, algo que é muito difícil de ocorrer comigo. E não foi com a quantidade absurda de itens que o Marco possui, que ainda é espantosa, mas com toda a vivência que isso evidencia, assim como cada uma das peculiares histórias por ele contadas, além da certeza de que existem muitas mais. Fico até intimidado em tecer mais comentários a respeito de diversos temas abordados, não pelo fato do Marco ser uma figura intimidadora (pelo contrário, todo esse conhecimento e experiência não se traduzem em presunção ou arrogância), mas pela quantidade de assuntos sobre os quais eu gostaria de dar um pitaco. Prefiro recolher-me e exaltar quão valorosa é sua presença na Consultoria. Grande abraço!
Grato, Diogo. Alguns poucos afortunados chegam à minha idade ostentando o título de “lenda viva”. Pobres mortais como eu não passamos de lenga-lenga vivas. Daí tantas historinhas pra contar. Mas fiquei curioso a respeito dos seus pitacos e não tenho nada melhora a fazer do que respondê-los. Manda bala, patrãozinho.
Achei interessantes as impressões que você passou a respeito do mercado de discos. “Então aqui você encontra um mesmo disco sendo vendido de R$ 10,00 a R$ 200,00. E gente disposta a pagar de R$ 10,00 a R$ 200,00 pelo mesmo disco.” É exatamente isso que tenho observado recentemente, um dos grandes motivos pelos quais eu parei de comprar vinis. E muitas vezes aquele mesmíssimo item que estava custando 10 reais está sendo vendido pelo triplo, quem sabe o quíntuplo, em função de toda essa sanha vinílica que ganhou força de uns sete, oito anos pra cá. E gente besta (vá lá, inexperiente) caindo no papo de que álbuns que venderam aos milhares (até dezenas de milhares) merecem a alcunha de “raridade” também não tem faltado.
Fato curioso ocorreu em um garimpo recente: ficou difícil achar Legião Urbana por menos de 70 reais, mesmo os mais calejados, como o dois ou o quatro estações, detonados, custando preço de raridade. Culpa do PT?
Quanto ao Legião Urbana, quando relançaram sua discografia alguns anos atrás, custanto de R$80,00 pra mais, os discos originais eram encontrados por aí no máximo a R$3,00 ou R$5,00. Como o relançamente teve uma tiragem pequena, que se esgotou rapidamente, e serviu apenas para atiçar a demanda, o baratinho tomou se lugar e os preços foram parar nas alturas. Caso mais curioso é o do Inimigos do Rei, que teve um relançamento inexplicável para um disco sem importância alguma e que por isso ensaiou uma inflação dos originais, mas não colou. Esse disco é tão ruim que nem pra remédio serve.
Essas discrepâncias nos preços refletem apenas como o consumidor é desorientado. E preciptado. Fosse paciente, pesquisasse mais e não comprasse por impulso, economizaria uma boa grana e ajudaria o mercado a ter preços mais justos. Mas os discos estão inflacionados no mundo todo, principalmente porque durante anos o vinil foi rejeitado e dado como superado, relegado a um pequeno e exigente nicho. O interessante é que os discos verdadeiramente raros mantiveram seus preços nos patamares de sempre, mas os carnes de vaca, aqueles que venderam zilhões em seus lançamentos, esses tiveram seus preços multiplicados. E ainda são as estrelas dos relançamentos. Porque o mercado está sendo sustentado por novos colecionadores, empolgados com os campeões de audiência. Vão demorar ainda um bocado até chegarem aos discos menos conhecidos (e que por serem desconhecidos, também inflacionaram, num curioso processo de que “se é desconhecido então é raro”, o que não significa que sejam discos bons e que valham o preço que estão cobrando).
Mas honestamente Marco, você tem esperanças que o vinil volte a ter um valor acessível, de 10 reais por exemplo? Ainda encontro sebos com vinis nesse preço, e fico muito feliz quando vejo um Titãs ou o próprio Inimigos do Rei por 5 reais. Mas isso é cada vez mais raro e no sense para os lojistas.
Não, eu não tenho esperança de que o vinil volte ao patamar dos R$5,00 ou R$10,00. A minha esperança é que as pessoas entendam que 95% dos discos que existem por aí não valem mais do que isso e não admitam pagar mais caro por eles.
Vc tem que conhecer essa figura pessoalmente, Diogo. A energia que ele transmite é mais valiosa que muito templo budista por ai
Concordo com Marco Gaspari…de repente toda porcaria virou peça de colecionador só porque é uma edição em vinil.
Posso estar enganado, mas acredito que quem dita os preços no mercado é o consumidor e não o vendedor. Se eu coloco um disco meu a R$50,00 e ninguém paga por ele, tenho duas opções: ou guardo o disco para mim e aguardo um outro momento mais propício para vender ou abaixo o preço até agradar ao consumidor. A avidez e a falta de noção é que estão ditando o mercado. E não adianta chorar: tem que agir.
Pois é Marco, eu tb achava isso, só que tem um compacto da Elis x Pelé que estou esperando baixar o preço há no minimo 3 anos, e o rapaz só aumenta
Pourra mano! Essa cara tinha que escrever um livro, sensacional a entrevista, curti muito!!! (Diego S. A. – Guarulhos, SP)
Diego, o Marco podia escrever vários livros, o problema é que ele não está afim. Vamos lançar a campanha, pode ser que saia do papel.
Obrigado pelo elogio, Diego. Quem me dera escrever algum livro. Mas isso não é pra qualquer um.